quinta-feira, 25 de julho de 2013

Direto do túmulo: a desgraça, que se perpetuará eternamente nos corações dos reais apreciadores do metal negro.

Por Renato Nascimento: As bandas/hordas do cenário extremo de nosso país, em sua grande maioria, possuem um compromisso real com a ideologia a frente de seus trabalhos, e são verdadeiras forças de niilismo e contestação, movidas por uma sonoridade ríspida e direta. Podemos perceber que, assim como diversos outros estilos de música, há também um padrão para o Black Metal, e muitas vezes a sonoridade parece até ser deixada de lado por algumas bandas/hordas. Este com certeza não é o caso da finada Perpetual Disgrace, trazendo uma sonoridade extremamente original, a horda conseguiu conquistar diversos apreciadores, trazendo elementos ao Black Metal bem característicos do Heavy Metal, mas sem soar como um mero flerte dos dois estilos e sem se utilizar de inovações mirabolantes. Infelizmente a horda encerrou suas atividades, mas deixou para a eternidade um legado de caos e blasfêmia, e ainda hoje o som da Perpetual Disgrace desperta interesse dos reais adeptos do metal negro, tendo inclusive gravado um album póstumo que ainda está para ser lançado. Confiram detalhes a respeito dos motivos para o fim da horda nesta entrevista concedida pelo mentor da Perpetual Disgrace, Peter Kelter, que nos deu detalhes também à respeito do album póstumo e de seus projetos atuais.

Ruído Macabro: Saudações Peter! Muito obrigado por nos conceder esta entrevista! Você foi o criador da Perpetual Disgrace, uma banda que figurou durante uma década no cenario extremo brasiliero, mas infelizmente teve seu fim anunciado em 2012. Conte-nos um pouco sobre os primórdios da Perpetual Disgrace.

Peter Kelter: Saudações Renato! O início foi interessante, eu conhecia um baixista, coloquei alguns cartazes em lojas de CDs, bares onde o pessoal frequentava, e foi assim que encontramos os outros membros, ensaiávamos na casa do baixista, e como acho que toda banda tivemos problemas com vizinhos, passamos a ensaiar em estúdios, mas corremos atrás, o Perpetual estava nascendo, no começo mesmo, nós tínhamos um vocalista, mas o cara era um vadio, vinha em um ensaio e faltava em 3...E sempre que ele faltava eu tapava o buraco...Tiramos ele da banda, e eu acabei ficando definitivo...Mas a banda tava surgindo do nada, precisávamos de um logo, precisávamos compor, tocar, divulgar e etc...Quando aceitamos o convite de participar da primeira apresentação, que foi em Presidente Prudente, as músicas nem estavam prontas...E tinha um mês pro show, ensaiamos um monte, fizemos uma correria fodida, rolou porrada, foi tenso pra
caralho, mas foi uma experiência interessante, eu mesmo nunca tinha pisado em um palco, mas deu certo...Depois disso trabalhamos mais nas músicas e começamos e gravação da primeira demo.

Ruído Macabro: Quais os motivos que levaram o Perpetual Disgrace a encerrar suas atividades?

Peter Kelter: Olha, o lance de estar todo mundo morando longe complicou bastante, o
Perpetual sempre foi uma banda de existir ao vivo, ensaiando constantemente e tocando aonde fossemos convidados...Ai não dava, isso, somado aos atrasos nas gravações do álbum, que não saia, e todo mundo perguntava e perguntava...Aquilo foi criando um mal estar, a iniciativa de encerrar a banda foi minha, eu percebi que a coisa começou a entrar em decadência, que tava virando uma banda de Internet, que não toca, não lança não ensaia, não faz porra nenhuma, e achei melhor parar do que existir assim...Mas essa gravação virou meio questão de honra, e vai sair, mesmo sem banda, vai ficar esse legado que é o álbum, o Black Sperm!

Ruído Macabro: O Perpetual Disgrace lançou duas demos de forma independente, a primeira, auto-intitulada, saiu em 2003, e a segunda, Triumph of the Satan's Steel, foi lançada em 2005. Como foi a recepção do público e da mídia especializada, para estes trabalhos?

Peter Kelter: As duas foram bem recebidas, tiveram um retorno bom, na época da primeira
demo, não sei como, muita gente de longe do Paraná, norte, nordeste, Centro oeste, começou a mandar cartas, falando que tinham gostado do material, querendo saber mais, fiz trocas com o pessoal das outras bandas, no Brasil e exterior, em relação a mídia especializada foi interessante, teve um bom retorno,
saiu em alguns blogs, teve resenha na Brigade, Roadie Crew, Valhalla, a Triumph of Satan’s Steel saiu como destaque da Roadie Crew, ao mesmo tempo que a Brigade falou mal pra caralho....Vai entender né? Mas eu não me prendo a isso, claro, é bom ter uma resenha positiva de uma revista, mas pra mim, vale muito
mais um brother, cara que conhece de som, sincero e honesto, chegar e falar que curtiu, que gostou do som, do que um jornalista, que eu sei lá quem é, que no mesmo dia as vezes fala mal do Motorhead, ou fala que as letras do Show no Mercy são infantis (infantil é o cu da mãe dele) e fala bem de uma merda ai tipo
Korn da vida...Mas no geral, a receptividade foi muito boa, muitas vezes, quando íamos tocar, e as pessoas conheciam o som, pediam por uma música, às vezes cantavam um refrão, e isso não tem preço!

Ruído Macabro: Ainda estão disponíveis estes dois lançamentos?

Peter Kelter: Sim, tem ainda, tanto a Triumph quanto a Perpetual Disgrace...Quero por no
mercado mesmo, de um jeito mais decente, estávamos comprando aqueles CDs brancos, gravando, montando a caixinha...Eu pretendo fazer o CD silcado, um material mais bem acabado, mas quem quiser adquirir o material ainda tem disponível.

Ruído Macabro: Qual a ideologia à frente destes trabalhos?

Peter Kelter: Blasfêmia, heresia, orgia...Mais ou menos isso, atos de apostasia, heresia, de afirmar a negação a cristo, são maneiras de se atacar a religião, e demonstrar o repulsa em relação a ela, o Perpetual sempre teve uma postura anticristã, explícita em suas letras, a religião não liberta ninguém ao contrário, ela engana e escraviza...Falamos de diversos temas, guerras apocalípticas, demônios matando humanos, demônios fazendo orgia com mulheres, suicídio, necrofilia e temáticas obscuras em geral, temas que mechem com o lado mais sombrio da imaginação, nunca abordamos nada sobre política, injustiça social etc...Ficar pagando de revoltado não! Não é do meu interesse, é um pé no saco, prefiro fazer letras que e perfilhem mais com o Venom, o antigo Slayer, Belphegor e Sarcófago!

Ruído Macabro: Sei que está em processo de finalização, o full-lenght póstumo do Perpetual Disgrace, o album terá alguma regravação ou será composto apenas por músicas inéditas?

Peter Kelter: Serão oito músicas no total, quase todas já vinham sendo executadas ao vivo, mas 7 não tinham sido registradas em estúdio, serão 7 sons novos, e uma regravação da faixa Barrabas, que saiu na nossa primeira demo, esse som o pessoal sempre gostou, acho que até hoje não teve um show que ele não fosse tocado, a gravação que está na primeira demo não ficou muito legal, a banda mudou, evoluiu um pouco, e essa faixa merece um registro mais decente...

Ruído Macabro: Qual a formação que gravou este novo registro?

Peter Kelter: Eu, guitarra e vozes, Guigão, na batera, Junior Bonora nas guitarras, e nosso brother de longa data Daeroth Inglorion, que vinha fazendo o baixo nos shows (já que estávamos sem baixista fixo) gravou o baixo.

Ruído Macabro: A respeito da forma em que o álbum será lançado, vocês optaram novamente por lançar independentemente, ou há algum selo envolvido?

Peter Kelter: Na verdade ainda não sei...Vou lançar independente em último caso, eu tenho vontade de lançar por algum selo, que seja responsável, honrado, que faça um trabalho sério, lançar independente só em último caso mesmo, não que esteja arrependido, ou criticando essa forma de lançamento, mas exige um investimento que no momento não é viável.

Ruído Macabro: Das diversas apresentações feitas pelo Perpetual Disgrace nestes 10 anos de existência, há alguma que você destacaria?

Peter Kelter: Teve vários eventos que foram marcantes, importantes mas um que eu destaco, e me orgulho de ter tocado, foi num evento open air, num sítio, na cidade de Paissandu – PR próximo de Maringá....Marcou pelo profissionalismo da organização, que foi feita pelo Laércio, que era do Holder, que infelizmente morreu a pouco tempo, e era um puta cara gente fina, educado, prestativo, irmão do underground, que nos convidou, um evento feito por headbanger pra headbanger, alem disso o cast tava muito bom, galera camarada, lembro que tava frio pra caralho, mas isso não afastou o pessoal que foi lá pra prestigiar as bandas, esse evento foi foda!

Ruído Macabro: Você também era o mentor do extinto Satanic Lust (Sacófago Cover), conte-nos um pouco a respeito deste projeto, e também se possível, a respeito dos motivos para o término da banda.

Peter Kelter: O Satanic Lust, mesmo sendo levado muito a sério, sempre foi uma coisa secundária, não ia priorizar a banda cover, em primeiro plano sempre ficava o Perpetual Disgrace, todos os envolvidos tinha em comum que tocavam em bandas autorais (Féretro, Dark Flames, Vlad Dracullare...), e gostavam do Sarcófago, procurávamos fazer uma homenagem à altura do legado do Sarcófago, que havia influenciado todos nós...Musicalmente, principalmente a parte lírica, Sarcófago é minha maior influência. Nos paramos de tocar porque o batera saiu, ficamos um ano na busca de outro,mas não achamos, ou o cara já tinha compromisso, ou não gostava do som, ou não aguentava tocar...Depois nossa vocalista mudou pra São Paulo, e mora lá até hoje, e ficou complicado retornar, eu tenho vontade...Sei que é difícil, guardo ótimas memórias dessa época!

Ruído Macabro: Peter, você está envolvido com um novo projeto chamado: Thunderlord, qual a proposta e a formação da banda?

Peter Kelter: A proposta é simples: Tocar Heavy Metal puro e sem frescuras! Sem querer inovar ou reinventar a roda.
Eu sempre fui muito fã e inflenciadíssimo por Heavy Metal Tradicional, bandas como Manowar, Grave Digger, Running Wild, Judas Priest, Accept, Iron Maiden etc...É uma vontade antiga, eu via os shows do Hazy Hamlet, Fright Night, Dragonheart, e os caras tocavam um puta som, e eu tinha muita vontade de fazer
um som nessa linha, ai no último ano do Perpetual, que quase não estávamos ensaiando, rolou de compor e gravar, a banda é “one man band” eu gravo guitarras, vozes e o baixo, a bateria é programada...E quero agora achar um pessoal fixo pra fazer os lances ao vivo...

Ruído Macabro: A algum lançamento planejado para o Thunderlord?

Peter Kelter: Sim, vai sair o álbum! As gravações estão terminando! To bem animado com elas!

Ruído Macabro: Como você avalia o cenário extremo do estado do Paraná e também do Brasil? Há alguma banda que você gostaria de destacar?

Peter Kelter: A coisa tem crescido, e tem melhorado ao meu ver, as bandas estão ficando mais profissionais, lançando materiais de qualidade, exigindo mais de si mesmas, e do  material que estão pondo no mercado, sempre houve aquele problema da falta de estrutura, reconhecimento, equipamento bom essas coisas, e das pessoas não darem valor, achar caro pagar R$ 10,00 ou R$ 15,00 num CD de uma banda nacional, ou na entrada de um show underground, mas torra dez vezes isso em bebida, droga ou ingresso de show gringo...Uma banda que eu admiro, pela postura, empenho, ideologia, união dos membros, conheço o trabalho de perto, eles que fazem um trabalho de qualidade suprema, são os brothers do Hurtgen,
de Maringá!

Ruído Macabro: Para finalizar, cite 3 trabalhos (álbuns, demos e etc.) que você considere indispensáveis para qualquer apreciador do som extremo underground.

Peter Kelter: A lista é ampla, mas esses álbuns eu freqüentemente ouço e me surpreendo a
cada audição:
Sarcófago – INRI
Venom – Black Metal
Manowar – Sign of the Hammer

Ruído Macabro: Então é isso Peter, muito obrigado pelo tempo que você nos disponibilizou, e ficamos no aguardo, não só do album póstumo do Perpetual Disgrace, mas também dos lançamentos do Thunderlord. Hail

Peter Kelter: Eu que agradeço Renato, por conceder o espaço, fico contente em saber que há ainda interesse pelo legado do Perpetual Disgrace, e curiosidade a respeito do
Thunderlord! Espero ter esclarecido as tuas perguntas! Até mais!

sábado, 20 de julho de 2013

As palavras do lobo, o canalizador da odiosa agonia.

Por Renato Nascimento: O século mal começou, e já sabemos que um dos grandes vilões da raça humana é uma doença chamada depressão, extremamente silenciosa, a depressão pode causar: melancolia, apatia, alterações cognitivas, ideação suicida, entre outros males. A depressão é uma doença muito comum e que assola pessoas de todas as crenças, cores e classes sociais, incluindo os adeptos do Black Metal, se tornando comum bandas/hordas tratarem do tema em forma de música. A Hateful Agony é perfeita para exemplificar isso , as músicas da horda estão chafurdadas em uma espessa neblina de agonia e desespero, transmitindo de uma forma quase aterrorizante, toda a melancolia de seus mentores. O album da horda Hateful Agony, intitulado de, "Through the Memories of a Painful Past", mostra bem, a partir da capa (um pulso cortado), o que nos reserva a audição, e posso dizer que é um prato transbordando para os amantes de uma aura tétrica envolta na música. Confiram a entrevista concedida pelo vocalista, Doryan Wolf, onde o mesmo nos deu detalhes a respeito da ideologia e objetivos da extremamente competente horda, Hateful Agony

Ruído Macabro: Saudações Doryan Wolf, muito obrigado por conceder esta entrevista ao nosso webzine!

Doryan Wolf: Saudações! Eu é quem agradeco pelo espaço concedido!

Ruído Macabro: Você poderia nos contar detalhes a respeito do embasamento ideológico  e influências musicais do Hateful Agony?

Doryan Wolf
Doryan Wolf: As letras em sua grande maioria, abordam temas como depressão, desespero, sofrimento, dor e principalmente suicídio. Nossas principais influencias são Xasthur, Nocturnal Depression, e até mesmo Alcest, por conta da forte influência Shoegaze/Post BM que nosso guitarrista tem!

Ruído Macabro: Quando a Hateful Agony foi formada e quais os trabalhos lançados pela horda até então?

Doryan Wolf:  Foi formada em 2009, e temos 3 lançamentos. Em 2011 foi lançada uma split chamada"Unholy Trinity", com outras 2 bandas nacionais. Em 2012 tem o EP Vazio, e em 2013 nosso primeiro full length intitulado Through the Memories of a Painful Past.

Ruído Macabro: Quais os objetivos da Hateful Agony a curto e longo prazo?

Doryan Wolf: Nosso objetivo principal, com certeza é estar evoluindo a cada album lançado. A curto prazo, já estamos com ideias para o próximo lançamento, o tema abordado será de uma tragédia que aconteceu na grande São Paulo, serão 3 sons abordando o mesmo tema, e um cover. A longo prazo, temos intenção de tocar ao vivo!

Ruído Macabro: A respeito da formação, qual é a atual? Houve alguma alteração durante o trajeto da horda?

Doryan Wolf: Atualmente, a banda tem Beleren no baixo, D. Tenebris nas guitarras, teclados, bateria e ambientações, e eu nos vocais e letras. A banda ja sofreu alteração de membros na bateria, guitarra e baixo.

Ruído Macabro: As músicas da Hateful Agony estão imersas numa aura tétrica de extrema melancolia, conte-nos um pouco sobre o precesso de composição dos sons da horda.

Doryan Wolf: Hoje em dia, pela ausência de um baterista, difícilmente temos ensaios. Eu componho as linhas vocais, e o D. Tenebris cria as melodias e riffs, depois encaixamos tudo criando uma atmosfera negativa nos sons!

Ruído Macabro: Como é a cena extrema em Artur Nogueira?

Doryan Wolf: Aqui em Artur Nogueira, a cena é composta por apenas duas pessoas (risos). Somente eu, e um amigo, que inclusive ja passou pelo Hateful Agony assumindo as guitarras e baixo por um tempo.

Ruído Macabro: Como você avalia a cena extrema underground de nosso país? Há alguma banda que você gostaria de destacar?

Doryan Wolf: Cara, o Brasil tem bandas devastadoras, escondidas por aí. Talvez o que esteja faltando mesmo seja o reconhecimento, mas são pessoas como vocês que incentivam e dão apoio para essas bandas! É difícil destacar apenas uma banda nacional que seja foda, porém, eu destacaria o Amazarak, que executa um black metal caótico e devastador, o Enterro, outra banda fudida do Rio de Janeiro, o Thy Light, que vem fazendo um DSBM extremamente doentio e de qualidade,Ocultan e claro, jamais podemos esquecer os demônios do Sarcófago!

Ruído Macabro: Para finalizar, cite três trabalhos (albums, demos e etc.) que você considere indispensáveis para qualquer apreciador do som extremo underground.

Doryan Wolf: Impossível citar apenas 3 albuns, é realmente muita coisa boa que temos que dar atenção:

Sarcofago - INRI
Darkthrone - Panzerfaust
Mayhem - De Mysteriis Dom Sathanas
Venom - Black Metal
Gorgoroth - Pentagram
Nargaroth - Black metal Its Krieg
Dissection - The Somberlain
Blasphemy - Fallen Angel of Doom
Hellhammer - Apocalyptic Raids


Ruído Macabro: Então é isso Doryan Wolf, lhe agradeço novamente pela entrevista, e continue com este ótimo trabalho a frente da Hateful Agony! Hail!

Doryan Wolf: Novamente agradeço ao espaço concedido a nós. Saudações caóticas!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Holder: Expoente do Metal Extremo norte paranaense. Força, Honra e Lealdade ao Underground.


Por João Martioro: Falar em metal extremo nacional sem falar em HOLDER fica complexo. Para mim, uma das maiores influências, a primeira banda de metal extremo que pude ver na vida, é realmente destruidor, esmagador, visceral. Este é o Holder, formado pelo grande irmão Luzmar Barba, Gilson e o mais novo contrabaixista Antonio Costa ( Ex Ophiolatry e atual Corpse Ov Christ), que assume as funções do lendário LAÉRCIO LORD, que infelizmente não está mais entre nós, um grande guerreiro que deixou seu legado eternamente em nossa cena e em nossas lembranças.  Os dois primeiros álbuns do Holder são clássicos absolutos de Brutal Death Metal nacional,  Merciful Scourge" (2001) e "Eternal Flame" (2007), e os apreciadores dos trabalhos estão na sede pelo TRIUMPH OVER DOMINATION, que promete estar ainda mais brutal e técnico. É uma honra poder trocar uma ideia contigo Barba, e poder explicitar um pouco destes 14 anos de história e ideologia a frente desta máquina de destruição chamada Holder!

Ruído Macabro: O Holder surgiu em 1999, como foi e está sendo o trajeto da banda ao longo destes 14 anos de carreira? Conte-nos um pouco da história do Holder, dos primórdios até os dias atuais. 

Luzmar Barba: Já no primeiro ano de existência gravamos nossa demo tape (Apocalyptic Harvest) na qual teve otima repercussão nos possibilitando um contrato com a Mutilation Records, e shows inclusive fora de nosso estado. Naquela época sofríamos com uma constante troca de bateristas, o que foi um momento difícil, pois é uma função extremamente crucial em uma banda, mas finalmente gravamos nosso debut  álbum (Merciful Scourge) e continuamos a divulgar a banda ainda mais longe mas eis que em 2007 após o lançamento do segundo álbum (Eternal Flame) tivemos mais uma perca de baterista, a do Maurício, e a historia se repetia mais uma vez, pois do inicio já aviam passado pela banda o Marcelo e o Anderson, ambos por motivos pessoais e o mesmo ocorreu com Mauricio que teve que nos deixar, e foi quando o Gilson assumiu a bateria deixando os vocais para mim. No ano de 2008 saimos em turne pelo norte do país, e no ano de 2009 pelo nordeste, e foi muito positivo para a banda com esta formação que se tornou um trio, em 2012 entramos em estúdio para a gravação do nosso terceiro álbum e foi muito legal, mas trabalhoso e ao todo gratificante, e na sequencia em 2013 eis que vem a falecer Laercio “Lord Holder” Momento muito complicado para nós pois já completava 14 anos de companheirismo e entrega junto ao Holder. Recentemente  anuncíamos a entrada de Antonio Costa na função de baixista, pretendemos dar continuidade a nossa saga,  honrando e respeitando o metal em seu todo, e assim vamos marchando…

Ruído Macabro:  O Holder aborda uma temática crítica muito perceptível.  Em que buscam um embasamento filosófico para as letras?

Luzmar Barba: Nós procuramos sempre nos manifestarmos contra qualquer tipo de repressão, alienação, manipulação e hipocrisia em seu todo, pois nesse mundo em que vivemos isso tudo é o que mais vemos por todos os cantos do mundo, falamos sobre aquilo que vivemos de uma forma direta, sempre abordando o tema dogmático doutrinário que só atrasa uma real evolução, pois a humanidade nasce e já começa ser doutrinada a levar uma vida alienada, com valores invertidos, essa é a nossa indignação, contestamos a doutrinação mundial, isso é abominável!!!

Ruído Macabro: Como funciona o processo de criação do Holder?

Luzmar Barba: Eu pessoalmente não me prendo a nenhuma regra para elaborar nossas músicas, pois algumas nascem primeiro com a letra outras nascem com a melodia, uma vez elaborada passa pelo consentimento de todos e cada integrante coloca a sua contribuição musicalmente nas músicas, tudo de uma maneira bem simples creio que deve sempre fluir de maneira natural, e não de uma regra teorizada. 

Ruído Macabro: Vocês vêm trabalhando com a Mutilation Rec desde o primeiro álbum. Como tem sido esta parceria? 

Luzmar Barba: Nossa parceria já dura 13 anos, ambas as partes sempre trabalharam consciente e com muita honestidade, e a coisa vem caminhando bem, e renovamos o contrato para o lançamento do Triumph Over Domination, nosso terceiro álbum. A Multilation sempre nos apoiou e acreditou em nosso trabalho, nossa consideração com a mesma é muito grande pois é um selo que sempre acreditou no metal extremo e ele sempre teve e sempre terá nosso apoio e respeito, Hail Multilation!!!

Ruído Macabro: O Laércio foi uma perda inestimável para todos, sabemos que é extremamente complexo encontrar alguém para cumprir as funções de contrabaixista. Como foi escolhido o novo membro? 

Luzmar Barba: O falecimento do Laercio foi e esta sendo muito difícil para nós, pois é uma amizade de mais de 20 anos, pois os momentos mais marcantes para nós, ele estava sempre presente, é uma situação completamente complicada, e muito recente, mas a vida segue e temos que caminhar. O nosso novo integrante já era um grande amigo de longa data, e conversamos a respeito de ele se integrar ao Holder, ele aceitou e ficamos muito honrados, o Antonio Costa além de ser um grande músico, é um grande ser humano, e creio que nessa nova etapa ele vai ser muito bem vindo e somar junto ao Holder. 

Ruído Macabro: O que foi abordado na concepção do novo álbum, TRIUMPH OVER DOMINATION? 

Luzmar Barba: Esse álbum é muito marcante para nós em vários aspectos, tanto musicalmente entre outros motivos, mas é o Holder, em alguns momentos nos lembra muito as nossas raízes, mas traz algo novo, com uma roupagem mais consistente, é um trabalho honesto sem muito virtuosismo, a filosofia continua a mesma com temas bem atuais, de acordo com nossas percepções, vale a pena conferir.
True rule of the metal is the loyalty.  


Ruído Macabro: Como você avalia a cena extrema de Maringá? E a do país? 

Luzmar Barba: Falar de metal extremo é destacar o Brasil, com uma legião de fiéis apreciadores, e bandas que honram o estilo, o metal extremo brasileiro tem o seu diferencial, com características tipicamente próprias, e o crescimento da cena nacional é notório, pode-se notar com os eventos, pois aumentou visivelmente com ótimos festivais. Em Maringá a coisa também caminha, com ótimas bandas e fies apreciadores do estilo.
Hail Death Metal bangers!!!  


Ruído Macabro: Quais foram, e são suas maiores influências musicais, e o que te motivou a fazer Brutal Death Metal?  

Luzmar Barba: Quando me iniciei no metal, o que eu mais ouvia era: Iron Maiden, Destruction, Slayer, Sepultura, e já me chamava atenção os sons mais agressivos, com o tempo fui conhecendo Sarcófago, Morbid Angel, Deicide, Possessed, entre outras. Em relação a fazer Brutal Death Metal, foi um processo natural, pois para mim é um reflexo de Slayer com palhetadas rápidas e baterias agressivas, tudo isso me influenciou diretamente e continua a me influenciar.  

Ruído Macabro: Você possui algum projeto paralelo ao Holder? 

Luzmar Barba: Sim, tenho um projeto com uns amigos e se chama Invocarium, é um Death Metal diferente aos moldes do Holder.  

Ruído Macabro: Pra finalizar, cite 3 trabalhos (Demos, álbums e etc.) de bandas/hordas que você considera indispensáveis para qualquer admirador do metal negro e extremo em geral. 

Luzmar Barba: Black Metal, Venom. Show no Mercy, Slayer. Inri, Sacofago, pois acredito que esses três citados traduzem todo o nosso cenário extreme negro, foi onde tudo começou e contribui até os dias atuais, e sempre será escola para a musica extrema. 

Ruído Macabro: Saudações extremas Barba! Muito obrigado pela entrevista e o tempo concedido, foi uma grande honra! Que perdure por muitos anos os trabalhos devastadores do Holder! HAIL CHAOS! HAIL HOLDER!

Luzmar Barba: Eu que agradeço, e com muita honra lhe saúdo pelo trabalho a frente do Ruido Macabro, e que você, João, continue com esse trabalho que tanto apoia e da suporte as bandas do nosso cenário nacional, fico honrado mesmo, deixo aqui meu abraço a você e a todos os headbangers que nestes 14 anos nos apoiaram e continuam a nos apoiar. Hail Warriors of Metal!!!



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ocultan: 19 anos de Metal Negro, uma lição de filosofia e ideologia explicita nos trabalhos.



Por João Martioro: Saudações Extremas! É com imensurável honra que venho publicar em nosso Web Zine, a entrevista com uma das maiores e mais respeitadas Hordas do Brasil, e do mundo, o OCULTAN, são 19 anos de guerra, mostrando a força ideológica do Metal Negro nacional, com trabalhos excepcionais e indispensáveis a todos os apreciadores de Metal Negro. O Ocultan, para mim e muitos outros, é uma das maiores influências, é inevitável falarmos em Metal Negro sem citar o Ocultan. Com um embasamento filosófico extremamente coeso e REAL, uma das poucas bandas que levam a ideologia acima de tudo. Acompanhem a entrevista com C. Imperium, um dos mentores do Ocultan, um grande guerreiro, que há décadas vem batalhando e honrando a cena extrema nacional.
 
Ruído Macabro: Saudações extremas Count Imperium ! Diga-nos, como foi o início de um dos maiores nomes do Black Metal nacional, o Ocultan?

C. Imperium – O Ocultan foi formado no ano de 1994, por mim e Cerberus. Após várias tentativas e participações em outras bandas como Ossuary (1989), Luciferi (1992) e Sempternus (1993) resolvemos formar o Ocultan. Na época a banda ainda não possuía sua identidade própria, tínhamos fortes influências de bandas como Gorgoroth, Darkthrone, entre outras bandas da época. No início de 1995 Lord Fausto passou a fazer parte da banda, e em 1996 lançamos nossa primeira demo intitulada Eternus Malus. Nesse mesmo ano lançamos nossa segunda demo Intitulada Regnus ad Exus. Logo após o lançamento dessa segunda demo, Cerberus deixou a banda alegando estar passando por alguns problemas particulares. Em seu lugar entrou Dom Junior, e com essa formação a banda seguiu a diante até o lançamento do debut Bellicus Profanus lançado em 1999 pelo selo Evil Horde Records. Para maiores informações sobre a banda, convido todos a acessarem nosso site: www.ocultan.com, lá poderão ter acesso à toda a trajetória da banda, desde seus primórdios até os dias atuais.

Ruído Macabro: É extremamente perceptível um grande embasamento ideológico nos trabalhos do Ocultan. O que têm a nos passar sobre sua ideologia?

C. Imperium - Meus ideais provem de uma série de conhecimentos vindos de estudos e práticas ritualísticas ligadas aos cultos de Necromancia , Bruxaria , Satanismo e Ocultismo.
Sou extremamente contra certas pessoas que se camuflam por trás de um visual e musica extrema.Sem contar que suas letras não condizem com a realidade dos fatos.Acho que cada um deveria de apenas expor aquilo que verdadeiramente sente dentro de si, ao invés de ficar tentando criar uma falsa imagem de si , que não condiz com a realidade dos fatos.


Ruído Macabro: Quais foram suas principais influencias musicais, que te motivaram a fazer Metal Extremo?

C. Imperium - A primeira banda que fiz parte foi o Ossuary , banda de Black Metal Formada em 1990. Nossas principais influencia eram Bathory , Celtic Frost e Hellhammer.

Ruído Macabro: O Ocultan lançou recentemente seu mais novo trabalho de estúdio, o Shadows From Beyond, que ficou excelente por sinal, qual a ideologia a frente do trabalho?

C. Imperium - Quimbanda, Anti Cristianismo e Ocultismo, esses temas sempre estarão presentes em nossas letras.

Ruído Macabro: Como foi definida a temática para o Shadows From Beyond?

C.Imperium - O Ocultan é uma banda que possui uma temática consolidada.Devido a esse motivo sempre que vamos compor nossas letras procuramos abordar o mesmo assunto de forma diferente.Sempre que abordamos os temas relacionados com a Quimbanda ,procuramos mesclar seu lado ritualístico (Oculto) com o lado Histórico.

Ruído Macabro: Para finalizar, cite 3 trabalhos (demos, álbums e etc.) de bandas/hordas que você considere indispensáveis para quem aprecia o metal extremo.

C.Imperium - É impossível citar apenas 3 álbuns , vou acabar citando os álbuns que acho indispensáveis.

Venom - Black metal
Bathory - Blood Fire Death
Morbid angel - Altas of Madness
Celtic frost - To Megaterion
Marduk - Panzer Division

Dark throne - Under a Funeral Moon
Immortal - Sons of Northern Darkness
Sarcofago - I.N.R.I
Terrorizer - World DownFall
Kreator - Endless Pain
Dark Funeral - Vobiscum Satanas
Gorogoroth - Antichrist
Exummer - Possessed By Fire
Possessed - Seven Churches
Behemoth -Satânica
Mayhem - De Mysteriis Dom Sathanas
Deicide - Scars Of The Crucifix
Nile -In Their Darkned Shrines
Arkhon InFaustus - Orthodoxyn
Carcass - Heartwork
Satyricon - Shadows Throne
Belphegor - Blood Magic Necromancer

Ruído Macabro: Obrigado pela atenção grande Marcelo, parabéns pelo grande trabalho honroso que vem fazendo com o Ocultan, utilizando de uma temática extremamente embasada e coesa, e que realmente passa uma ideologia séria e com valores intrínsecos! Tem nosso total suporte! Saudações Extremas guerreiro! HAIL CHAOS!